segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma Monarquia Não é uma Ditadura!

“Uma monarquia não é uma ditadura”



António Trancoso defende a aposta na agricultura, na pesca, na indústria, no ambiente e nas acessibilidades.
Afinal, não são cinco, mas seis os candidatos à presidência da Câmara Municipal de Matosinhos. António Trancoso, de 31 anos, vendedor, é o cabeça de lista pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
Nasceu no Porto, mais concretamente em Santo Ildefonso. Actualmente, o candidato do PPM vive em Leça do Balio.
Na entrevista ao “Matosinhos Hoje”, António Trancoso fez-se acompanhar do Conselheiro Nacional do partido e candidato a Barcelos, Alfredo Côrte-real.
O candidato do PPM fala dos projectos que tem para o concelho e mostra-se convicto de que está na corrida à Câmara de Matosinhos para ganhar.
Matosinhos Hoje- Esta é a sua primeira experiência política?
António Trancoso- Não. Há quatro anos, candidatei-me numa lista para a Câmara de Barcelos pelo PPM, em segundo lugar.
MH- Porquê agora Matosinhos?
AT- Porque acho que podemos inovar. Conheço bem Matosinhos. Vivo cá. Acho que tem muita coisa muito mal. Tem coisas boas. Estamos aqui para construir uma coisa melhor.
MH- Mas o que é que acha que está mal? De que forma é que o vosso projecto pode mudar?
AT- Acho que está mal a pesca. Acho que está mal a agricultura. Acho que está mal a pecuária. Acho que está mal o comércio local. Acho que está mal o rio Leça e os problemas ambientais. Acho que está mal as infra-estruturas entre freguesias. Há auto-estradas fantásticas para chegar a qualquer sítio, mas as estradas entre freguesias estão miseráveis.
MH- Encontra alguma coisa de positivo?
AT- Também se encontra alguma coisa de positivo. Claro que sim. Acreditamos em pessoas e damos votos de confiança. Como candidato dei o voto de confiança a alguns membros de outros partidos que estão a candidatar-se a presidentes de junta. Também acreditamos que essas pessoas têm valores. Acreditamos que qualquer ser humano tem valor. Há uma frase que eu utilizo: O futuro não é só a Deus pertence. O Homem pode ajudar. Estamos aqui para ajudar. Estamos aqui para construir. Não é para destruir. É essa a nossa ideia principal.
MH- Matosinhos sempre foi um concelho socialista. Como é que vê o modelo de gestão do PS?
AT- Acho que está a ficar cada vez mais dividido. Tenho a percepção do povo de que querem voltar a uma monarquia, apesar de existir um bocado preconceito de o fazer. Sei que há muita gente do PS que é monárquica lá no fundo. Sei que há muita gente do PSD que é monárquica. Do CDS, do Bloco de Esquerda. Temos se calhar mais pessoas monárquicas do que propriamente republicanas. Há uma coisa que ninguém consegue explicar. O que é uma república e o que é uma monarquia. Uma monarquia não é uma ditadura. Poderá ser uma monarquia diplomática e poderá haver votos na mesma. As pessoas têm esse conceito de que a monarquia é eterna, de que é uma ditadura. Não é.
MH- Quem é que é o vosso eleitorado em Matosinhos?
AT- É todo o eleitorado. Somos um partido central. Demos voto de confiança a membros da direita e a membros da esquerda. Eu costumo dizer que Matosinhos não anda nem para a direita nem para a esquerda. Tem é que andar para a frente. Por isso, estamos cá nós.
MH- Que projectos têm para Matosinhos?
Alfredo Côrte-real Basicamente a área social e familiar. É aquilo que mais nos preocupa.
AT- O que é que eu vejo nesta altura? Vejo grandes prédios, grandes superfícies, vejo o comércio local a fechar, porque não tem ajudas para se manter aberto. Vejo que falta espaços verdes. Temos que fazer alguma coisa pelo Rio Leça. Para mim, é uma das prioridades. É um dos rios mais poluídos da Europa. Há que tratar desse assunto.
MH- Acha que tem falhado a articulação entre municípios para tratar desse assunto?
AT- Acho que sim. Acho que tem falhado. Em Portugal, a palavra conta muito. Na monarquia, a palavra contava muito. Para mim, a palavra tem muito valor. Esse hábito perdeu-se. As pessoas a falar é que se entendem.
MH- Já ouviu as propostas dos outros candidatos?
ACR- Não estamos aqui para criticar ninguém. O que está bem, está bem. O que está mal, tem que ser corrigido.
MH- Mas identificam-se com algumas das propostas?
ACR- Com certeza que têm pontos a favor e têm pontos contra.
AT- Há coisas que se podem aproveitar, sem dúvida. Vejo muita gente a falar da pesca, mas não os vejo a fazer nada. Não vejo ninguém a fazer campanha sobre a agricultura. Todos fazem campanha no coração da cidade, mas Matosinhos é muito grande. Há muita coisa que faz falta.
MH- Mas acha que o futuro de Matosinhos passa por um regresso ao passado, à agricultura e à pesca?
AT- Acho que sim. Já há pessoas doutoradas em agricultura. Já há meios superiores àqueles que as pessoas estão a usar. Conseguimos ter produtos iguais ou melhores que os da Europa, quando temos muita terra em Portugal para ser cultivada. As pessoas não cultivam, porque faltam apoios. Não é voltar a antigamente. Se for a Leça do Balio ainda vê pessoas a passar nas ruas de tractor agrícola. Temos uma terra muito rica para ser abandonada como estou a ver em todo o território nacional e em Matosinhos também.
Vejo cada vez mais a indústria a desaparecer em Matosinhos. Importamos latas de conservas do estrangeiro, quando temos aqui muito bom peixe e boas conservas. A indústria das conservas tem que ser ajudada.
Qualquer dia, isto é um deserto. Não há nada. Fica a ser uma cidade dormitório.
MH- Matosinhos tem vindo a perder atractividade em relação a outras cidades?
AT- Neste momento, em Matosinhos, a habitação está a ser cara e as pessoas tentam ir mais para a periferia do Grande Porto. Porquê? Porque têm habitações com boas condições e a um custo mais reduzido. As acessibilidades também contam. As estradas no interior são horrorosas. Temos que apostar também aí.
MH- Como é que se resolve o problema do desemprego?
AT- Criando infra-estruturas e se conseguirmos que os grandes empresários invistam em Matosinhos.
MH- Nas próximas eleições autárquicas, o que é para si um bom resultado?
AT- Ganhar a Câmara.
MH- Mas está a ser ambicioso ou realista?
AT- Se não tivesse convicto de que posso ganhar a Câmara, não tinha concorrido. Estou convicto de que vou ganhar a Câmara.


Por: Dulce Salvador no Jornal Matosinhos Hoje

Sem comentários:

Enviar um comentário